Portugal e a Não Atividade Física e Desporto

Portugal e a Não Atividade Física e Desporto

Recentemente foi publicado o Eurobarómetro de Desporto e Atividade Física 2022. O estudo foi realizado entre 19 de abril e 16 de maio de 2022. Foram analisados os 27 países membros da União Europeia (UE).

Portugal teve um desempenho miserável, obtendo o último lugar na Europa dos 27. Uma classificação que é o espelho das políticas no âmbito desportivo e da falta de incentivo à prática de exercício físico. A palavra incentivo, não tem neste contexto, um caracter monetário, mas sim de verdadeira motivação, empurrar, facilitar e promover.

Numa análise dos últimos anos, a prática de exercício físico não é uma prioridade política e o espelho deste desinvestimento e desinteresse está visível num dos últimos estudos da Deloitte sobre a indústria do fitness, que revela que o absentismo ao emprego por doença e o presenteísmo custam à economia portuguesa 1569 milhões de euros/ano.

O mesmo estudo analisa que a falta de exercício tem um impacto negativo de mil milhões de dólares (mais de 980 milhões de euros) nos serviços de saúde. E porque não apostar na redução destes índices e na Saúde dos Portugueses?

Cruzando os dados do Eurobarómetro, com o estudo elaborado pela Deloitte rapidamente percebemos que estamos a seguir o caminho inverso ao de outros países da Europa e caminhamos para uma sociedade cada vez mais sedentária e com menores hábitos de prática desportiva.

Os responsáveis por liderar o país devem incentivar a prática da atividade física motivando todos os portugueses para um estilo de vida mais ativo e saudável.

No Eurobarómetro de Desporto e Atividade Física 2022 os valores analisados ​​em cada país individualmente foram:

  • A frequência com que se pratica exercício físico em cada país da UE, bem como o nível de interesse em outras atividades físicas.
  • O local onde pratica exercício físico e são realizadas outras atividades físicas. Ou seja, se a prática física for feita em casa, em ginásios, ao ar livre… etc. Além disso, foi analisado o número de pessoas que praticam exercício e estão inscritas em ginásios ou centro desportivos.
  • As motivações ou barreiras que os cidadãos poderiam encontrar na prática de exercício.
  • A opinião de cada cidadão em relação à promoção da atividade física na sua área específica de acção.
  • O nível de envolvimento dos cidadãos europeus no voluntariado no desporto
  • O impacto da pandemia causada pelo Covid-19 na prática de Atividade Física.
  • A conscientização do impacto do exercício físico e da atividade física no ambiente e perceções das medidas tomadas para apoiar o meio ambiente.
  • Por fim, foram levantadas algumas afirmações sobre a igualdade de gênero no desporto com o objetivo de que os cidadãos expressem o seu grau de concordância com elas.

Do estudo destas variáveis, tiram-se as seguintes conclusões:

  • Na UE, o desempenho de atividade física ainda está bem abaixo do recomendado, pois a percentagem de cidadãos que não praticam atividade física é de 45%. O nível nacional é pior do que a média da UE, e a percentagem de cidadãos que não praticam atividade física sobe para 73%, aumentando mesmo com o valor obtido em 2017 (68%), sendo obviamente uma subida negativa.
  • Quando se pergunta à população onde pratica regularmente atividade física, destacam que tanto a nível europeu como nacional, o local preferido para a prática desportiva é o exterior. Além disso, a frequência em ginásios e centros de fitness a nível europeu reduziu em 2% (15% para 12%), em comparação com o estudo realizado em 2017.
  • A principal motivação apresentada a nível da UE é a melhoria da saúde, com 54%, sendo que Portugal está em linha com esta motivação com 49% dos inquiridos a revelarem ser esta a sua principal motivação. A principal barreira encontrada pelos cidadãos europeus em 41% dos casos é a falta de tempo para o desenvolvimento da prática física. A nível nacional, este problema representa 44% do total. Seguido de falta de interesse e motivação quando se trata de praticar atividade física.
  • Relativamente ao impacto da Covid-19 na prática desportiva, a maioria da população, continuou a praticar exercício, em alguns casos menos que antes da pandemia, noutros casos foi mantido o nível de prática. Portugal segue o padrão europeu apesar de uma grande proximidade entre os que continuaram a praticar, mas reduziram a prática e os que pararam completamente, 22% e 19% respetivamente.
  • O impacto do desporto no ambiente é uma variável cujo interesse tem vindo a aumentar nos últimos anos e continuará a aumentar nos próximos devido ao problema climático que nos preocupa, sendo o tema da redução de desperdícios ou o melhoramento dos recursos que merece maior destaque na UE, com 24%. No nosso país, a tendência europeia está presente assim como a preocupação com a promoção da sustentabilidade nos transportes.

Avistamos desafios para o futuro.

Portugal exporta profissionais de fitness, possui operadores qualificados e tem claramente todas as valências para tornar a população portuguesa, mais saudável e com melhor qualidade de vida. Esperamos que existam ajudas e contributos por parte do governo para melhorar o cenário atual. Os benefícios da atividade física são conhecidos e devem ser reconhecidos por todos os portugueses.

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