Gerir com sucesso é conseguir a melhor relação entre clima organizacional, performance financeira e tipo de liderança.
Em suma, as equipas e as pessoas que as integram geram um determinado clima organizacional, o qual contribui para cerca de um terço da performance financeira e não financeira das empresas. O clima organizacional, por seu turno, é amplamente influenciado pelo tipo de liderança, sendo determinante que esta se inspire numa visão estratégica clara e diferenciadora.
Visão estratégica – o gestor deve ter muito clara a forma como pretende competir no mercado, começando por construir e desenvolver uma marca forte e atractiva e conferindo-lhe um posicionamento e respectiva proposta de valor facilmente entendíveis para o consumidor e todos os stakeholders. Uma vez definida essa visão estratégica, que deve ser suportada por opções tácticas e operacionais flexíveis, o gestor deve comunicar e inspirar toda a equipa através de uma liderança visionária e autêntica.
Tipo de liderança - Para que uma liderança autêntica e inspiradora aconteça é necessário criar alicerces fortes, de modo a que os factores de higiene não estejam comprometidos na organização. Falamos de salários e benefícios dos colaboradores, da relação aberta e emocionalmente positiva entre estes e as chefias, das condições físicas e ambiente de trabalho, do relacionamento entre colegas, do sentimento de segurança existente, de uma preocupação genuína com o tema da equidade e justiça e do padrão de comunicação entre colaboradores. No geral, estes factores visam eliminar insatisfação.
Para gerar satisfação é necessário aceder a um segundo nível, ou seja, aos factores motivadores ou satisfacientes. Neste caso, falamos essencialmente de questões relacionadas com o conteúdo do cargo, tais como autonomia, responsabilidade, participação, criatividade, significado e reconhecimento sob a forma de feedback. Temos assim o sentimento consequente de realização pessoal e profissional e de desenvolvimento profissional.
Líderes autênticos e inspiradores utilizam predominantemente o perfil autoritário / visionário (mobilização através da visão) aliado a 3 outros perfis: afliativo (cria harmonia e constrói laços emocionais), democrático (procura o consenso através da participação) e treinador / coaching (desenvolve pessoas para o futuro). Esporadicamente, recorrem a um perfil coercivo (procura obediência imediata) ou a um perfil marcador de ritmo / pacessetting (define altos níveis de desempenho).
Clima organizacional - A conjugação adequada de factores de higiene e factores motivacionais gera um clima organizacional de entusiasmo, que potencia o desempenho individual e colectivo, expresso pela maximização do saber (conhecimento), do saber fazer (habilidades/skills) e, mais ainda, do querer fazer (atitudes). No lado oposto, está um clima de desinvestimento afectivo e emocional, onde estes factores não estão preenchidos. Neste ambiente, facilmente os colaboradores entram em ligação normativa ou instrumental com a organização. No último caso, poderão evidenciar comportamentos de negligência, lealdade, voz ou saída.
Em suma, o gestor de sucesso deve utilizar preferencialmente um padrão de interacção resolutivo (variando entre apoio, exploração e reformulação) em detrimento de um padrão competitivo (avaliação ou orientação). De realçar que o padrão avaliação cria barreiras significativas à comunicação e, antagonicamente, os padrões exploração e reformulação estimulam o desempenho e geram níveis elevados de compromisso.
Performance financeira e não financeira – Gerir com sucesso é indissociável de obter resultados. Neste capítulo, o gestor de sucesso deve consubstanciar toda a formulação estratégia em modelos de monitorização da performance organizacional (balanced scorecard, por exemplo) que lhe permitam fornecer informação rápida, constante e actualizada sobre o desempenho da organização e das pessoas. Deste modo, poderá assumir uma atitude proactiva e predizer ou influenciar muito significativamente acontecimentos futuros, traduzidos em indicadores chave de performance (KPI’s) na ótica financeira, dos clientes (adesão, satisfação e fidelização) e dos processos (eficiência, eficácia e organização).
Em jeito de conclusão, a nossa perspectiva actual sobre gerir com sucesso reside bastante na obtenção de resultados (financeiros e não financeiros) através de uma liderança visionária, alicerçada em comportamentos onde a inspiração, autenticidade e integridade são dominantes. Isto permite gerar um clima organizacional onde as pessoas se sentem integradas e valorizadas e contribuem ativamente para dar corpo à estratégia formulada para a equipa vencer.
