Fitness 2000 vs 2020 – O que mudou e o que ainda vai mudar

Fitness 2000 vs 2020 – O que mudou e o que ainda vai mudar

Estes 20 anos da indústria do fitness, revelaram essencialmente um acompanhamento da evolução daquilo que é a relação das marcas com os mercados. Passamos a dar importância de igual forma ao serviço/produto, mas aumentamos a atenção ao cliente, aos seus interesses, aos gostos e necessidades. O poder está cada vez mais do lado do cliente e o comportamento deste mudou bastante. A geração Y (millennials) exerce já, e cada vez mais no futuro, uma importante mudança. Inovar e adaptar a esta nova realidade torna-se fundamental.
A primeira grande cadeia de ginásios aparece em 1998 em Portugal, com a abertura do seu primeiro ginásio em Lisboa. Em 2000 o mercado era dominado por alguns ginásios individuais de referência, alguns espaços abertos, com impacto essencialmente regional. Inicia-se, por esta altura um crescimento significativo de ginásios e health clubs. Este crescimento exigia mais oferta de serviços e de profissionais capacitados, produtos formatados como as aulas Les Mills surgem para responder às necessidades associadas a este rápido crescimento. Aparecem ofertas mais alargadas de formações, convenções e workshops, promovidas por várias empresas que começam a aparecer de forma mais profissional no mercado.

“Como consequência todos os operadores tiveram de se adaptar,

aparece nessa altura, com mais impacto, o conceito low cost.”

Em 2011 a taxa de IVA aplicada ao sector sofre uma alteração, passando de 6% para 23%. Como consequência todos os operadores tiveram de se adaptar, aparece nessa altura, com mais impacto, o conceito low cost. Oferta de um serviço de base com preços mais baixos, onde o cliente pode adquirir mais serviços mediante o pagamento exigido para tal. Forçado pela entrada de um novo conceito de negócio no mercado, das exigências dos consumidores e da própria sobrevivência de cada operador, assiste-se a um reposicionamento. O setor passa a apresentar de forma clara 4 modelos de negócio: premium; midlle market; estúdios de fitness e o low cost.

Atualmente assiste-se ao posicionamento dos grandes operadores, através do crescimento em serviço, em novos espaços, recorrendo por vezes, a fusões e aquisições com objetivo de aumentar quota de mercado e notoriedade. A presença da tecnologia vem trazer mais atenção, atração e até alguma melhoria na experiência do consumidor, com espaços mais atraentes, funcionais e interativos. Ainda assim, continuamos a assistir a resultados preocupantes para o sector. Segundo a AGAP (associação de ginásios e academias de Portugal) as taxas de retenção nos ginásios individuais são de 50% e nas cadeias de 31%, números preocupantes que merecem a nossa atenção. O crescimento orgânico das empresas resulta em mais sócios, em quantidade, mas a taxa de desistência, ainda elevada, requer uma atenção aprofundada na experiência que estamos a proporcionar aos consumidores. Só assim podemos contribuir para estilos de vida mais saudáveis e melhor qualidade de vida dos utentes.

“(…) a orientação passa a ser na angariação do maior número de dados relevantes possíveis

e na criação e aplicação de planos de ação de sucesso.” 

Antecipa-se um futuro cada vez mais de relação com os clientes. As estratégias e a gestão das propostas de valor dos ginásios deverão ser mais colaborativas e focadas na perspetiva do cliente. O cliente tem cada vez mais a dizer sobre as nossas propostas e desempenho. Todos os momentos de verdade, de contato, devem ser medidos e melhorados. Desta forma, a orientação passa a ser na angariação do maior número

de dados relevantes possíveis e na criação e aplicação de planos de ação de sucesso. Este será, na minha opinião, o fator realmente diferenciador. O acompanhamento do desempenho dos colaboradores é crucial.

A inovação e o desenvolvimento, focalizado no desempenho dos colaboradores, são fundamentais para a presença e sustentabilidade dos ginásios e health clubs.

Cada vez mais assistiremos ao aparecimento de ginásios visualmente apelativos, munidos de tecnologia de ponta, com uma interaçãoconstante e direta com os clientes e uma forte componente social. Revelarão aprofundado conhecimento dos seus clientes e proporcionarão experiências verdadeiramente com valor, não só no resultado final, mas também no caminho para lá chegar.

Jorge Machado é Mestre em Gestão do Desporto; Formador, Consultor, Coach e Regional Manager da All United Sports  

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