Como preparar os ginásios para reabrir em Maio

Como preparar os ginásios para reabrir em Maio

O impacto da COVID-19 na indústria do Fitness terá consequências devastadoras para os pequenos e médios ginásios. Nos Estados Unidos da América até as grandes cadeias de ginásios estão com dificuldades, como é o caso da Gold’s Gym que vai encerrar definitivamente mais de 30 unidades e a famosa 24 Hours Fitness, conhecida por patrocinar o programa “The Biggest Loser”, que se prepara para apresentar falência. Também na China, mais de 200 ginásios fecharam definitivamente apenas em Pequim, sendo que a soma de encerramentos em todo o país, apenas nos três primeiros meses do ano, já ultrapassa os 6 mil ginásios, mais do que a soma de todos os encerramentos de ginásios nos últimos 5 anos. Os elevados custos operacionais e a inexistência de receitas podem ditar um final trágico para muitos ginásios também em Portugal.

“Os elevados custos operacionais e a inexistência de receitas podem ditar um final trágico para muitos ginásios em Portugal.”

 

Na análise feita pela All United Sports em Março referente ao impacto da COVID-19 na indústria do fitness portuguesa, a quebra no volume de negócios anual no sector será superior a 40%, correspondente a mais de 100 milhões de euros. Para alem disso a recuperação será lenta devido à reabertura dos clubes em época baixa, prevendo-se que em Dezembro de 2020 os ginásios estejam a facturar mensalmente valores que podem estar 20% a baixo da previsão de facturação inicial. Isto representa um retrocesso de quase 10 anos na facturação mensal dos ginásios, voltando a valores próximos dos alcançados entre 2010 e 2013. Obrigatoriamente isto terá um impacto na empregabilidade dos mais de 17 mil profissionais da área.

“… a quebra no volume de negócios anual no sector será superior a 40%, correspondente a mais de 100 milhões de euros.”

 

Sendo os ginásios vitais para a saúde mental e física dos portugueses, e ainda mais relevantes num momento em que toda a população se encontra fechada em casa, é importante definir estratégias que possibilitem a reabertura dos ginásios em conjunto com o comércio local. Essa reabertura obriga a medidas e práticas excepcionais que a All United Sports tem monitorizado as medidas tomadas nos países que se preparam para reabrir ou já reabriram os seus ginásios no processo de redução das medidas de confinamento.

Nesse sentido, e com o objectivo de contribuir para o encontrar da melhor forma de reabrir os ginásios em Maio, a All United Sports estruturou uma lista de medidas preventivas, implementadas com sucesso em outros países como a China, com o objectivo de garantir a desinfecção dos espaços, manutenção dos padrões de distanciamento social, saúde e segurança dos indivíduos, tal como definido pela Direcção Geral de Saúde. Antes de ler as recomendações entenda que, por um longo período de tempo, nada será como dantes.

1ª fase de abertura (duas primeiras semanas):

  • Controlo de entradas limitado ao máximo de 1 pessoa por 4 m2 de área aberta;
  • Medição da temperatura à entrada do ginásio;
  • Utilização de tapetes desinfectantes para limpeza do calçado;
  • Obrigatoriedade de utilização de máscara por colaboradores e clientes;
  • Disponibilização de desinfectante das mãos e toalhetes nas diferentes zonas;
  • Obrigatoriedade do cliente trazer a sua própria toalha;
  • Recepção com áreas delimitadas de circulação e acrílicos para protecção dos funcionários;
  • Zona de cardio-musculação limitada a 50% da ocupação, com os equipamentos desligados de forma intercalada;
  • Zona de musculação apenas com 1 pessoa por cada 3 m2;
  • Aulas de grupo, serviços de spa, saunas, turcos, piscinas e duches encerrados;
  • Se o ginásio tiver espaço exterior, poderá se ponderar a existência de aulas de grupo que garantam pelo menos 3m2 de área por cliente;
  • Cacifos fechados de forma intercalada, permitindo apenas 50% de ocupação;
  • Suspensão da mensalidade, sem qualquer perca de regalias, a sócios que façam parte dos grupos de risco (mais de 60 anos ou com doenças preexistentes);
  • Desinfecção constante dos equipamentos de cardio-musculação, cacifos e casas de banho com especial atenção às zonas manuseadas pelos clientes.

2ª fase de abertura (terceira semana):

  • Manutenção de todas as medidas de protecção individual e higienização dos espaços;
  • Manutenção da ocupação máxima dos espaços e equipamentos definida nas duas primeiras semanas;
  • Abertura das aulas de grupo com uma limitação a 50% de ocupação, com um mínimo de 1 pessoa por cada 4m2, garantindo um intervalo temporal entre aulas de forma a não cruzar clientes e a permitir a renovação do ar dos estúdios;
  • Abertura intercalada dos duches, limitada a 50% da ocupação, garantindo o distanciamento;
  • Abertura das piscinas com capacidade limitada a 50% da ocupação e impossibilidade de aluguer de material (toucas, óculos de natação, etc.).

3ª fase de abertura (quinta semana):

  • Manutenção de todas as medidas de protecção individual e higienização dos espaços;
  • Avaliação das medidas de limitação de ocupação das diferentes áreas e serviços, ponderando-se a subida da ocupação máxima para 75%.
  • Avaliação da abertura dos serviços de spa, saunas e turcos;

Esta estratégia de abertura faseada foi implementada com sucesso em outros países, garantindo não só a segurança dos utilizadores na prática de exercício físico tão importante neste momento, mas também na viabilidade dos ginásios que, em Portugal, encontram-se em situação crítica. Consideramos que as medidas sugeridas são uma recomendação útil para as diretrizes que a DGS e o Governo devem definir para a reabertura dos ginásios, esperando que tal aconteça em conjunto com o comercio local.

 

 Mário Santos é Co-Founder e Managing Director na All United Sports, especialista em Gestão e Fidelização de Clientes com experiência em Marketing Digital, Mestrado Executivo em Gestão pelo INDEG/ISCTE e Licenciatura em Ciências do Desporto pela Faculdade de Motricidade Humana.
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